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Let's have the time of our lives!

     Querer é não se esvair de tentar.      Perdoar é não se findar de amar.      E amar, amar mesmo, é um incansável agradecer.      Pedir é o caminho que cega o agradecer, é o que cobre o realizar.      Pedir é o problema - o grande e abominável problema do mundo todo.      Solucionando, então. Obrigada. De verdade. Por terem feito dar certo, mesmo que indiretamente. Por ter sido bom, mesmo que completamente diferente. Por tudo e por nada - é sempre bom usar antítese.      E sabe qual é a mágica? O Sol nasce todo o dia. Brota do horizonte e logo após um beijo dá n'outra ponta para que tudo possa descansar - e acordar de novo. E se fazer o novo. Re-criar, re-estar.      É sempre vida nova e ela se faz todo dia.      Por que não realizar?, s e estamos todos aqui, se somos todos agora?      Obrigada, mais uma vez. Valeu a pena. Cad...

É chegada a vida nova.

Olhe-se no espelho. Vai. Anda. Para tudo e olha. Gostou do que viu? Lembre-se de tudo o que já passou. Vai logo! Pensa. Gostou do que lembrou? E quantas vezes você sorriu? Elas superam as vezes que chorou? E quantas vezes caiu? Levantou-se em seguida? Ainda está caído? Como vai a família? Tem ligado pra eles? E os amigos? Ainda estão lá? Você ainda está lá para eles? Ainda os empresta os ombros? Ainda tem ombros a quais recorrer quando a saudade aperta? E o cheiro do verão? Ainda se lembra dele? Vai, tira esse relógio do pulso. Esquece que dia é hoje. Números, apenas. Esquece seu cartão, tira da memória a placa do seu carro. E aí? Gostou? Está mais leve? Qual sua cor favorita? Qual é o sorvete que você mais gosta? Quando foi a última vez que abraçou alguém? Abre o armário. Mas abre rápido! Antes que seja tarde. Joga isso tudo no chão. Quem é você agora? Qual a última doação que fez? Ajuda que prestou. Quando foi? Você já ...

Azul.

Provavelmente já escrevi sobre isso. Muitas vezes. E se nunca registrei em palavras, de certo já marquei no vento o que estou prestes a contar. É que há muito tempo, não sei quanto - é tempo suficiente para o tempo não ser o mais importante na história -, meu pai se sentou comigo pela janela. Pelo o que diz a história e minhas fitas de vídeo antigas, isso acontecia muito. Todos os dias após o almoço, mais precisamente. Gostaria de me recordar de todas estas ocasiões. Mas não consigo. Lembro-me, entretanto, de uma única vez, em especial. "Olha quem veio brincar com você, Carol!" Eu vejo os pássaros pela janela. O céu está do mais brilhante tom de azul. O cheiro é de verão. "Olha, Carol! Olha quem veio brincar com você!", a voz amiga repete. O que vem depois é um grande espaço vazio, negro. Não me lembro de mais nada. Mas não me magoo por isso. Ao contrário: aquela janela, a lembrança dela, deu-me muito mais do que um passarinho com quem brincar. Deu-me o infinito....
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A última coisa que busco fazer nessa vida é sentido. . 

Infinito momentâneo

          Chegou em casa e se desfez de tudo que não lhe soava bem. Tudo o que era áspero e ácido. Atirou ao chão todas as pseudoafirmações que talvez em tempos longínquos houvessem sido suas mais concretas certezas.             Vestiu-se de estrelas e com elas brilhou a noite de lua cheia que outrora iluminara sua silhueta em meio a tantas promessas inúteis.           Pintou no dia que havia se deitado há muito a sabedoria que adquirira. E jogou-se em uma outra dimensão; o seu infinito. Mergulhou no mar que mais gostava (e que tantas vezes temia): sua alma.           Agora via-se completa. Continha em si o suficiente. A fórmula que necessitava.           Abriu um sorriso e se lembrou o quanto era bom dar risada.  . 

"A ausência é um estar em mim"

Tua presença tão discreta inunda o dia, que começa nesse instante - sei porque sinto o calor da manhã brilhar nas flores e beijar-me a face. E conforme teu dedilhado carinhoso faz-se transformar em música, agarro a tua inexistência tão exata e presente. Respiro teu ar tão escasso e sinto teu cheiro. Madeira. Café amargo. Flor do campo. O capim dourado que farfalha do outro lado da janela, canta comigo a tua melodia e nós, eu e você, tão incertos nessa dimensão oculta, somos. Dois, um, meio, nada. - Que diferença faz? O Sol faz reluzir o teu sorriso em mim, e, meu corpo e minh'alma, ambos entorpecidos com o teu sabor exótico e ausente, transformam-se em dança. Sua cor brilha em meio às palavras não ditas e transforma o novo dia em festa. É bom. O teu cheiro. Tua voz suave e macia - que me leva de encontro ao céu.   Sinto, sou, estou. Com você. Em você. Por você. Por nós. . 

Alzira Silva

Levantou-se e manteve-se ereta e em posição estratégica enquanto olhava em volta. Como um soldado a analisar seu campo de batalha. (E que batalha!) Podia ver vestígios da luta da noite passada em todos os lugares. Aliás, que lugar era aquele? Diferente. Não era como o Motel 4Estações, onde na cama, os corpos, embalados pelo calor das noites daquele janeiro, cediam espaço aos ratos. Era bonito. Havia uma bandeja no criado-mudo esquerdo. O lado em que ela dormia. Isso quando dormia. Porque ficava acordada todas as noites esperando o Sol se levantar e dar-lhe um beijo. Na bandeja haviam duas maçãs, alguns biscoitos e um copo com suco de laranja. "Geladinho", pensou. Questionou a si mesma que lugar seria aquele. Pôde ver refletida no banheiro uma toalha com o emblema do que ela julgara ser o lugar onde estava. Hilton. Havia dado sorte, então. Pensou no quanto sua conta bancária aumentaria. Pensou em João Mário, que já estava reclamando do ensopado que era posto na mesa todos o...