Carolírico
Dia desses matei um cara. E ignorante que sou, liguei e denunciei anonimamente o meu eu-lírico. Minutos mais tarde estavam na porta daqui de casa. Você está presa em nome da lei. Estranho, não? Desde pequena havia acreditado que uma das vantagens de ser escritora (ou pelo menos aspirante a tal cargo), seria poder colocar a culpa no meu eu-lírico caso as coisas não saíssem como o planejado. O que de fato não seria tão incabível assim. Meu eu-lírico é permanentemente mutável: assume formas, cores, sabores, amores... Ele tem coragem de ser, estar e fazer tudo aquilo que o meu eu-eu não é capaz. Confuso, não? Pois é. O pessoal do júri também achou. Escrevo, logo existo. Foi esta a explicação que me deram e que agora reconheço ser suficiente. Talvez meu lirismo não esteja tão longe assim do que eu realmente sou. Aliás, hoje acredito que os dois são muito parecidos! Provavelmente são até a mesma coisa. O problema é que o crime fora cometido e o réu já está sendo julgado: transformei a