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Mostrando postagens de agosto, 2010

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Um blues baixo, saxofone acompanhando. Era a terceira vez que estava ali. Gostara do lugar: não tinha pagode, cerveja e desarrumação. Era fino: whisky , piano e mesas de mármore. Já havia muito tempo desde aquele dia em que insistia esquecer. Mas a melancolia por trás de seus olhos vermelhos e sua fala alterada não me enganava: sofria muito aquele senhor. Sim. Muito. Tivera muitas namoradas depois do que ocorrera. Loiras, morenas, ruivas, altas, baixas, gordinhas, magérrimas ... Todas elas tinham algo em comum: adoravam notas de cinquenta reais. De vez em quando pediam mais, mas acabavam recebendo isso mesmo. Desde todo aquele incidente, a madrugada se tornara sua melhor amiga. Botequins se tornaram seus aposentos e vinho, seu café da manhã. Mas eu o conhecia mais do que ninguém naquele bar. Sabia do que se passava em sua mente. A fumaça do charuto que acabara de começar a tragar embaçava a visão de todos, menos a minha: sofria muito aquele senhor. Sim. Muito. Era famoso

Querido Romeu,

Aliás, nem tão querido assim. Mas enfim. Lhe escrevo porque hoje, pela primeira vez em muito tempo, eu estava feliz o suficiente para não ter criatividade de escrever histórias tristes. E devo minha felicidade à você, se quer saber. Porque hoje eu percebi que você mudou, mudou muito. E depois de todos esses longos dias melancólicos que se seguiram desde nossa separação, eu me sinto confortável com a distância entre nós dois. Me sinto confortável com o vazio. Me sinto bem andando na companhia de mim mesma e ninguém mais. Ainda te amo. Sim, te amo. Muito! Mas antes de amar a você, eu amo a mim. E procurar por você em meio desta estrada tortuosa e pedregosa que nós dois traçamos juntos, estava me machucando muito. Estava ferindo minha carne e minha alma. Eu estava quase virando uma masoquista, Romeu! E você viu isso acontecer. Viu acontecendo, ouviu as pessoas dizerem que estava acontecendo. E não fez nada, absolutamente nada para mudar essa realidade. Não acreditou em mim. Não me

Renascimento

Quando eu perder o movimento, não quero que chorem. Não quero que comecem a usar os verbos referentes a mim no pretérito. Não quero que toquem músicas tristes ou que usem preto. Quando eu partir, não quero que se lembrem de mim pelas minhas riquezas. Talvez seja até melhor não se lembrarem nem das minhas proezas! Quero que lembrem-se dos meus erros. Das minhas falhas. Quero que lembrem-se dos momentos em que eu achei que morreria. Porque foram estas ocasiões que me fizeram crescer. Não teria realizado meus acertos memoráveis sem meus desregramentos. Quando meu corpo se expirar e o sangue que pulsa em minhas veias se extinguir, não quero que se lamentem por terem me falado o que não deveriam. Não quero que se lastimem por não terem me apoiado o suficiente. Não quero que se magoem por causa das roupas e jóias que deixei. Que fique claro: não levarei tesouros e nem ressentimentos para o túmulo. Mas o meu maior desejo, o mais puro e firme de todos eles é este: não quero que me deixem

Depende do referencial

Formiga era uma formiguinha que havia passado a vida inteira incontente com seu tamanho: ela queria ser maior, mais forte. Um dia, quando já estava bem velhinha, pensou: Não aguento mais viver com a dúvida. Preciso descobrir o segredo da grandiosidade! Quero ser maior! E assim, se colocou a caminhar. Começou pelo seu próprio quintal: - Seu Sapo, você é tão grande, faz tanto barulho! Como faço para ficar do seu tamanho? Mas quando o pobre sapo começou a abrir a boca para responder, a Árvore gritou: - Não! Formiga, não seja boba. O Seu Sapo é pequeno, fraco. Eu sou forte! Enquanto qualquer cobra ou pássaro grande pode apanhá-lo facilmente, eu continuo aqui. Firme e forte. Aguento todas as chuvas, todos os ventos! Formiga se virou para aquela árvore no mesmo instante. Ela tinha razão! Uma árvore é muito maior e mais forte do que um sapo. Então perguntou: - Senhora Árvore, você pode me dizer o segredo da grandiosidade? Eu quero ser maior! - Claro que posso, é só... Formiga já

Para vovó Meiry

Não sei ao certo de onde vem os sentimentos. O lirismo prega que é do coração, mas a ciência diz que é do cérebro. De qualquer maneira, o meu depósito de feelings estava muito carregado. Cheio de amargura, tristeza, lembranças ruins. Mas aí me lembrei de uma moça - na verdade, uma senhora -, que acreditava que todos os problemas se resolviam com uma mistura mágica: água e detergente. Lembro-me de passar horas observando o quanto ela se divertia soprando bolinhas de sabão da varanda. Do quanto ela ria junto do papagaio e das samambaias , quando alguma bolinha sem querer voltava-se contra ela e se estourava na pontinha de seu nariz. Nunca entendia o motivo de tanta graça, de tanto riso. Não até agora. Porque hoje eu resolvi imitar. Mandei, com cada sopro, todas as minhas lembranças ruins, todos os meus motivos de choro, todos os meus medos, minhas agonias. Mandei para o infinito todo o meu passado ruim. Joguei para o céu todos os meus erros, todos os meus arrependimentos, todas

Auto-retrato

Sempre escrevo o que penso e o que sinto, e isso é relativamente fácil para mim, mas nunca consegui me definir com palavras. E não é egocentrismo , não, porque eu estou longe de me achar indecifrável , indefinível. Até porque algumas pessoas já conseguiram expressar por meio de palavras exatamente aquilo que sou, mesmo que não fosse o que eu gostaria de ouvir. Já faz alguns dias, talvez muitos, que venho preparando um texto com aquilo que eu, Ana Carolina Fava (e não meu "eu-lírico"), sou. Devo ser alguma coisa, porque todo mundo é alguma coisa. Mas ainda não consegui descobrir que coisa sou. As vezes me acho perdida: meu coração, minha alma e minhas entranhas me dizem que sou isso e aquilo, e de repente minhas atitudes me provam o contrário, me fazem crer no que eu não acreditava. Me pergunto o tempo todo se o que eu faço é tão diferente assim do que eu sinto, e se ambos juntos não mostrem o que eu sou realmente. Mas, como diria um amigo meu, não faz sentido. Nada justi

Terminaram porque não tinha mais jeito.

"A mulher chegou para o marido com o rosto completamente iluminado e ele se irritou porque há muito se esquecera como e onde se acendia essa luz. E por mais que se esforçasse não conseguiu se lembrar. A mulher iluminada foi se deitar ao seu lado e ele passou a noite sem dormir porque se acostumara ao escuro." Terminaram porque não tinha mais jeito. Não porque não se gostavam, ou porque não se suportavam, ou porque sabiam que já não iriam morrer de saudade um pelo outro. Porque isso tudo eles sabiam que faziam, e faziam com muita intensidade. Se gostavam, se suportavam, morriam de saudade um do outro e, como era de conhecimento geral, adoravam ficar rindo juntos, do nada. Porque até o 'nada' juntos era a coisa mais perfeita do mundo. Terminaram porque não tinha mais jeito. Não porque faltava sentimento, não porque faltava confiança, não porque faltava desejo carnal entre ambos. Porque isso eles tinham. E muito! Terminaram porque não tinha mais jeito. Porque ela

O retorno da estrelinha.

" Kaikala me magoara, sem dúvida. Tinha me traído, embora não visse aquilo como traição. E, no fim, comportou-se de tal modo que achei bom abandoná-la. Apesar de tudo, eu a amei durante algum tempo. O meu primeiro amor. E ela me ensinou muita coisa a respeito de mim. Doeu-me vê-la partir. Pronto, eis a verdade. E se isso me faz parecer otário , paciência." (O Garoto no Convés - John Boyne ) Sinto como se não tivesse sido completamente franca com vocês esses dias. Então eis a verdade: encontrei minha estrelinha. Sim! Encontrei-a no mesmo céu, no mesmo lugar, brilhando por sobre o mundo e me olhando da janela. Mas estava mais fraquinha . Bem mais fraquinha , praticamente apagada. Perguntei então por onde ela andara, por quais constelações havia viajado e qual seria o motivo para ter demorado essa eternidade para regressar. Ao que ela respondeu, sem pensar muito e de uma forma ríspida : Achei outra janela. Exatamente . Outra janela, de uma casa mais bonita, com uma

"Choro" - Primeira carta à R.

"R., Outra lágrima minha toca o chão. Já não escuto mais seu barulho sorrateiro, já não sinto seu calor descendo em meu rosto. Ela já não me preocupa mais, já faz parte da minha rotina. Não escondo, porém, que isso é triste. Porque é. E muito. Mas o que posso eu fazer se não me lamentar por não te ter mais ao lado meu? O que esperas que eu faça? Sorria e cante na chuva, mesmo sabendo que estou sozinha? Não, obrigada. Mas sabe por que lhe escrevo, meu amor? Logo hoje! Plena segunda. Sabe por que lhe escrevo? É que hoje faz um mês que você se foi, um mês que aqui estou sem respirar. 30 dias desde que você me puxou e eu senti teu calor, e eu te vi virando a esquina e levando consigo todo o resto de vida que ainda existia em meu olhar. A cada dia que passa, sinto como se nossa história se perdesse cada vez mais no vazio que se encontra a distância entre nós dois. A cada segundo, cada mínimo momento que seja, sinto que tua respiração fica ainda mais longe de mim. Já não ouço m

Restauração

De vez em quando eu penso em escrever um texto lindo. De vez em quanto eu penso em escrever um texto maravilhoso. Um texto que cure todas as doenças incuráveis, um texto que enxugue as lágrimas de todos as pessoas deprimidas. De vez em quando eu penso em escrever uma história que liberte todos os derrotados, todos aqueles que desistiram de lutar, todos aqueles que de tanto tentar e não conseguir se encontram fadigados. Me dá vontade de criar um poema, uma canção, que encha de alegria todos aqueles desiludidos, todos os que o amor passou para trás. Um texto que coloque um sorriso no rosto mais melancólico da Terra. Mas nunca consigo. Nunca consigo devolver alegria à todas as pessoas. Nunca consigo salvar o planeta do aquecimento global, do efeito estufa, da miséria, da ambição, da falsidade. Da mentira. Nunca consigo fazer com que o céu se encha de sol todos os dias do ano. Nunca obtenho a satisfação de fazer o riso preencher o grande vão criado pelo choro. Nunca consigo fazer com q

Borbolanjo

Vai, borboleta! Voa! Vai viver no ar, vai colorir o céu, vai provar do perfume de outras flores. Eu deixo. Vai, borboleta! Voa! Vai dançar na imensidão azul, vai cantar junto da brisa, vai pular por aí. Eu te liberto, te libero. Mas me promete que volta? Me promete que não vai se esquecer? Promete que vai me ligar? Mandar cartão postal? Sinal de fumaça? Promete que vai sorrir ao lembrar de mim? Que vai ouvir nossa música e chorar baixinho? Que vai passar suas asas delicadas por todas as nossas memórias? Promete que não vai deixar o vento carregar todos os laços e todas as pontes que nós dois construímos com cuidado, todos os jardins que nós dois regamos com dedicação? Vai, borboleta! Comece a voar! Seja livre! Ponha-se já em harmonia com as vibrações positivas da natureza. Vai cativar girassois, tulipas, margaridas. Vai iluminar bosques, vai vigiar pomares! Ensinar às largatinhas como ser como você. Vai, borboleta, saia logo daqui! Sua vida é curta, dura só quinze dias, e v

"Há quem guarde a alegria

Embalsamada no coração Há quem troque um sorriso Por um reluzente cifrão. Há quem mude de amor Como se troca um roupão Há quem evite um beijo Por um pedaço de pão. Há quem corre apressado Buscando mais ação Há quem fique parado Morrendo na solidão. Há quem habite a tristeza Esquecendo-se da canção Há quem nasce, vive e morre Sem conhecer a paixão!" (Paixão - Obrigada, papai! ♥) De vez em quando eu penso se não seria grande até demais o meu coração. Ele é do tamanho do mundo. Gente demais. Espaço demais. Festa demais. Peso demais. Meu coração é tão pesado, que estava me dando dor nas costas. Tive que tirá-lo do peito, para ele não me matar. Meu coração é tão longo, tão comprido, que as vezes eu não consigo nem carregá-lo. Deixo em casa, paradinho , porque ele nunca cabe na bolsa. Meu coração é tão vasto, tão imenso, tão extenso, que todos os seres que nele habitam, ficam distantes, com frio. Ao léu. Meu coração ficou tão bruto, tão gros

Auschwitz-Birkenau

Particularidades a parte, eu queria falar a respeito de uma coisa que meu pai me disse outro dia. "Toda vez que você faz uma pergunta, você já sabe ou pelo menos imagina a resposta". O que é verdade. Porque um Homo erectus nunca se perguntaria a respeito dos átomos. Os átomos simplesmente não faziam parte da vida e existência dele, não havia como ele afirmar que os mesmos são formados por nêutrons, prótons e elétrons. Então eu fiquei me perguntando - mesmo já imaginando a resposta - se não seria melhor conviver com a dúvida do que com a certeza. Porque em todo grande questionamento, existe pelo menos uma ponta de afirmação. Talvez fosse mais fácil ficar sem saber a respeito de um 'sim', ou de um 'não', ou de um motivo para fazer, dois para não fazer. As vezes é melhor subsistir sem uma ou outra explicação, talvez até umas quatro. Mas e no caso de alguma doença? Não seria melhor saber? Tenho ou não tenho câncer? Alzheimer? Nessa hipótese, não seria melhor t

Paternidade

PAI [Do lat . pater , pelas f. padre, * pade e pae .] S. m. 1. Homem que deu ser a outro; homem que tem um ou mais filhos; genitor , progenitor. 2. P. ext . Aquele que exerce as funções de pai: pai adotivo . 3. Animal do sexo masculino que gerou outro. 4. Designação bíblica da divindade, com relação a toda a criação, esp . ao homem. 5. Benfeitor, protetor . Hoje em dia, se tornou muito fácil ter um filho. Você só precisa de uma garrafa de vodka, um parceiro do sexo oposto e pouquíssimo juízo. Até eu, no auge dos meus 13 anos, poderia facilmente arrumar um filho. É triste, mas é a realidade. Entretanto, existe uma grande diferença entre tem um filho e ser um pai. Você não precisa ser o pai biológico para ser um verdadeiro pai. Para fazê-lo, você precisa estar presente. É muita coisa? As brincadeiras, as caretisses , as gírias super antigas que nas mentes deles ainda "abalam legal" (como "discoteca", "mina", " tesourão "), todo homem de 40

Querido Romeu,

Você é um bobo, sabia? Um chato. Você acredita demais no que você lê. Você acredita demais no que as pessoas te dizem. Eu não quero isso. Quero que você acredite em mim. No meu coração. Eu sei que você ainda consegue entendê-lo, mesmo que você lute contra isso todos os dias. Como você pode achar que eu estou bem sabendo que você não está? Como você pode acreditar que minha vida é melhor sem você do meu lado? Que eu faço pouco caso de você? Ainda é difícil. Muito. Você não tem noção do quanto. Meu olho ainda enche de lágrimas quando eu escuto nossas músicas, quando vejo nossas fotos. Quando eu vejo as coisas que você deixou no meu celular. Quando eu lembro do seu sorriso. Como você pôde se esquecer da nossa história? Você realmente acredita que eu faria isso tudo de ruim com você? Romeu, se você ainda não percebeu, se você ainda não conseguiu entender, você é minha vida. Minha estrela guia. Eu já te disse isso milhares de vezes. E você vale meu choro. Para falar a verdade, voc

Geladeira

Abrem a porta. Graças a Deus. É frio aqui dentro, sabiam? Por que vocês me deixam aqui? Nesse vazio. Só vejo verde. 16h00 O vento quente bate no meu rosto. Ai, credo. Não. Fecha a porta, por favor! Está quente demais aí fora. Como vocês aguentam? Se eu ficar aí três minutos eu derreto. Perco toda a minha beleza. Fico mole, parecendo alguma coisa bem mole e bem nojenta. Eca. Fecha logo a porta! Eu não gosto de você, sabia? Não gosto mesmo. Quando te vi a primeira vez, com aquele carrinho gigante me levando para casa, achei que gostaria. Mas não gosto mais. Vai. Feia. Gorda. Fecha logo essa porta! Você vai pegar uma alface? Como assim? Você vai comer uma alface as quatro da tarde? Quem no mundo faz isso? Gorda. Não gosto de você. Esse cabelo não combina com o seu rosto. Já é a terceira vez que você abre essa porta e pega alguma coisa retardada. 17h00 ZZzzz... Acendem a luz. Sinto o vento quente de novo no rosto. É você de novo me atrapalhando a dormir, é? Ops... Quem tá aí? Só

"Vende-se um amplo coração

Conjugado: cozinha, dois quartos, Suíte , sala de estar e um imenso varandão com vista para um lago onde nada a solidão. (Preço a combinar. Negócio de ocasião.)" Sempre fui apaixonada pelo meu pai. Mesmo. E depois que eu li todos os poemas dele, fiquei mais apaixonada ainda. Eu até me casaria com ele, mas ele já tem dona. E eu também sou apaixonada por ela, então não seria doida de roubar seu marido. Mas enfim. Esse é um dos poeminhas que eu mais amo (depois posto os outros que eu adoro), e por isso o post de hoje será meio... poeta. Porque ontem aconteceu uma coisa esquisita comigo. Ontem eu não achei minha estrelinha. Sério! Procurei em todos os cantos do céu... e ela não estava lá. Não me perguntem o porquê; eu também não sei. Ela costumava olhar para mim de noite, me ver dormir. Ela me cobria quando o meu cobertor caía no chão, me alegrava quando eu estava chorando, me mandava dormir quando eu passava da hora lendo. Mas ontem ela não estava lá. E não era po

Querido Romeu,

Como vai você? Eu estou bem. Não fui à aula hoje. Eu sei que é o primeiro dia e essas coisas são importantes. Mas... quem liga? Não fui. Pronto. Como está sua irmã? Ela vai bem na faculdade? E seus pais? Saudáveis? Ouvir falar de umas doenças esquisitas que andam soltas por aí... Fale para todos tomarem cuidado! Sua cachorrinha... Ela continua ocupado espaço na sua cama? Já terminou de ler aquele livro que você tanto gostava? Sinto saudade da sua voz, do seu cheiro, do seu abraço. Já faz muito tempo desde que eu ouvi pela última vez você sussurrar 'eu te amo'. Sinto saudade do seu sorriso, do seu riso. De vez em quando me dá vontade de pegar um mapa, recortá-lo todinho e pregar sua casa aqui do lado da minha. Mas eu não sei se isso resolveria totalmente o problema. Mamãe de vez em quando me diz que eu estou ficando doida. Que estou perdendo a razão. Para falar a verdade, para mim, meu problema é mesmo no coração. Gostaria de poder te escrever no fim da tarde para