Open Bar
Um blues baixo, saxofone acompanhando. Era a terceira vez que estava ali. Gostara do lugar: não tinha pagode, cerveja e desarrumação. Era fino: whisky , piano e mesas de mármore. Já havia muito tempo desde aquele dia em que insistia esquecer. Mas a melancolia por trás de seus olhos vermelhos e sua fala alterada não me enganava: sofria muito aquele senhor. Sim. Muito. Tivera muitas namoradas depois do que ocorrera. Loiras, morenas, ruivas, altas, baixas, gordinhas, magérrimas ... Todas elas tinham algo em comum: adoravam notas de cinquenta reais. De vez em quando pediam mais, mas acabavam recebendo isso mesmo. Desde todo aquele incidente, a madrugada se tornara sua melhor amiga. Botequins se tornaram seus aposentos e vinho, seu café da manhã. Mas eu o conhecia mais do que ninguém naquele bar. Sabia do que se passava em sua mente. A fumaça do charuto que acabara de começar a tragar embaçava a visão de todos, menos a minha: sofria muito aquele senhor. Sim. Muito. Era famoso