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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Fumaça e cheiro de mato.

Abriu a boca por um instante e balbuciou alguma coisa. Nenhum som foi ouvido, entretanto. Só o ruído do vento dançando pelo ar e enchendo todos os espaços que se fizeram vazios por tanto tempo. Na mão esquerda, seringa e soro. Na direita, fotografias que a lembrança fizera questão de esconder. E tudo o que não ficou, e tudo o que não sobrou, voltava neste instante. Endurecera-se com o concreto, adoecera com as horas no relógio. Inclinou a cabeça e olhou para o céu. Engraçado como o passado é bonito e grita alto! Uivou furtivamente mais uma vez o vento frio. E então veio a neblina. Inclinou a cabeça e, em um sorriso, desapareceu. O que se fizera fosco, curioso, agora era brilho. Adormeceu. ("Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo", como já diria Drummond.)