Fumaça e cheiro de mato.

Abriu a boca por um instante e balbuciou alguma coisa. Nenhum som foi ouvido, entretanto. Só o ruído do vento dançando pelo ar e enchendo todos os espaços que se fizeram vazios por tanto tempo.
Na mão esquerda, seringa e soro. Na direita, fotografias que a lembrança fizera questão de esconder. E tudo o que não ficou, e tudo o que não sobrou, voltava neste instante.
Endurecera-se com o concreto, adoecera com as horas no relógio.
Inclinou a cabeça e olhou para o céu. Engraçado como o passado é bonito e grita alto! Uivou furtivamente mais uma vez o vento frio.
E então veio a neblina.
Inclinou a cabeça e, em um sorriso, desapareceu.
O que se fizera fosco, curioso, agora era brilho.
Adormeceu.
("Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo",
como já diria Drummond.)

Comentários

  1. E então veio a neblina..... Para vc, vem o SOL!!! Brilhe sempre!....

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Há quanto tempo Ana?
    *-*
    Texto mais lindo, se cuida menina.

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  4. Muito lindo o texto!
    Saudades de sua visitinha no meu cantinho!
    aguardo sua visitia ein!
    Beijos!

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