Querido Romeu,

Quanto tempo não lhe escrevo, não?
Como vai a vida? Há muito não tenho notícias de você. Pelo visto você está aprendendo a controlar suas mudanças de humor, não? Fico feliz por isso.
Eu vou bem. Não que você se importe, claro.
Estava lendo a cópia das últimas cartas que lhe enviei (todas elas sem resposta). Algumas apaixonadas, outras enfurecidas. Não me arrependo ou me envergonho de ter escrito nenhuma delas, acredite. Porque mesmo sendo isso que você é, me orgulho de já ter estado ao seu lado. Você me ajudou e me ensinou muitas coisas. É.
Mas sinto lhe informar que esta provavelmente será a última carta com meu nome que você receberá. Talvez não lhe façam falta as minhas notícias, se fizessem você teria de certo me respondido. Mas enfim.
Estou te libertando. (E dessa vez é sério.) Cansei de te roubar para a minha vida e te prender aos meus problemas. E cansei de ocupar a minha mente com teu sorriso quando, na verdade, você não merece que eu o faça. Desculpa.
Nunca coloquei a culpa do nosso relacionamento tortuoso na distância: ela nunca nos foi problema. Não até agora. Aliás, a distância foi até a solução: nos ajudava a não desistir de primeira, porque era difícil mesmo e a gente sabia disso. Mas vou repetir o que já lhe disse milhões de vezes (e você não ligou): a distância que nos prejudicou não foi a geográfica, que separava nossos olhares. Foi a distância sentimental, que acabou separando nossos corações. Você mudou muito. Sim. E eu também, claro.
Mas hoje, mais do que nunca, eu prefiro que você viva a tua mudança longe de mim. Porque a sua presença me faz mal: você e suas palavras, atitudes e mania de autoritarismo, poluem o meu ar. E eu estou precisando muito de respirar!
Então seja livre! Voe, seja feliz e faça o que lhe aparecer na mente: eu farei o mesmo.
Não quero o teu mal. Muito pelo contrário! Estou te libertando justamente porque sei que estar presente em mim te deixa cada vez mais ausente em ti. E isso acontece comigo também.
Quero o teu sorriso, tua força e a serenidade de volta. Mas, por favor, bem longe de mim.
Por ora eu devo explicações ao meu coração (e ao meu cérebro também).
Espero que não se importe. O que será relativamente fácil, porque você vem cultivando em ti a maravilhosa arte de não ligar para as pessoas que ligam para você há muito, muito tempo.
(Desculpa mais uma vez.)

Bom, tenho de ir.
Há uma estrada maravilhosa e colorida na minha frente e eu quero muito descobrir o que existe depois do horizonte.
Um beijo,
Julietta.

Comentários

  1. Primeira a comentar!

    Queria me desprender assim de algumas pessoas tbm, mas isso parece q é mais forte do que eu.. E isso n é legal :/

    Espero q você visitei o meu blog tbm e q goste tanto quanto gostei do seu ^^ Uma boa semana ;D

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  2. Mas se desprender das pessoas não é fácil, não mesmo! Sou um soldado desta batalha há muito tempo e várias vezes fui parar em campos de refugiados. Mas me libertei, porque aprendi que para me desprender de alguém que me faz mal, é preciso deixar essa pessoa se desprender de mim também!
    Espero que você também alcance seus objetivos um dia. :)
    Obrigada pelo apoio.

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