Bom dia, primavera!

"Ó última nuvem do temporal findo
Navegas sozinha no céu todo lindo
Tu jogas sozinha uma sombra sombria
Sozinha entristeces o glorioso dia

Há pouco encobrias todo o firmamento
E raios lançavas do céu violento
Fazias rugir misterioso trovão
De chuva encharcavas o sequioso chão

E basta! Já chega, passou a tua hora,
Refrescou-se a terra, a borrasca foi embora,
E a brisa suave já beija a folhagem
E o vento te enxota - vai, segue viagem!"
(A Última Nuvem - Liêrmontov)

Teu amor foi como uma doce chuva de verão - só que no meio do inverno!
Teu amor chegou, calminho, afofando a terra. Molhou as flores, alimentou as árvores, limpou minha alma.
Teu amor ficou, inundou as ruas, afogou as pessoas, destruiu as plantas.
Teu amor aumentou, expulsou de mim todas as minhas borboletas e passarinhos. Tirou de mim até mesmo o meu mais fiel escudeiro! Chegou sem avisar, me alegrou de montão. Mas se transformou numa enorme tempestade e engoliu tudo. Tudo? Casa, carro, esperança, felicidade, alegria. Tudo!
Teu amor foi para mim uma tempestade tropical - no meio do deserto do Saara!
Não estava preparada para receber tanto vento, tantos raios, tanta água! E fiquei ainda pior quando teu amor foi embora: tive que consertar todas as coisas que você destruiu, tive de refazer todos os laços e pontes que você queimou. Tive de me recompor!
Mas o inverno, o inverno das chuvas que seu amor me fez, aquele inverno frio, cheio de trovões e desordens, aquele inverno, ele foi embora! Deixei-o para trás ontem, mais precisamente. Sabe por quê? Porque é chegada a primavera.
A prima Vera, a primavera! A prima Borboleta, a prima Girassol! Todas elas chegaram, todas elas estão a cantar e a rodopiar pelo infinito da minha alma. E ontem, para anunciar o Sol, nada melhor do que uma nova chuva, não?
Só que não foi a chuva do teu amor. Foi uma linda chuva de primavera - e na estação certa!
Ela veio e limpou toda a sujeira que teu amor não foi capaz de limpar. Ela trouxe as andorinhas, os pardais, as margaridas, as rosas, as amarelas, verdes, azuis! Ela trouxe o arco-íris, o cheiro de terra molhada, o calor da brisa, um raio do Sol e um cacho da Lua!
Mas como toda chuva de primavera, foi leve (e breve!). Brilhante! Trouxe em sua bagagem purpurina, estrelinhas, pincéis novos (para que eu pudesse pintar minha estrada com tons mais vivos!). Veio calminha, permaneceu por uns instantes bem calminha, e retirou-se da mesma maneira: calminha.
E não me fez mal algum!
Hoje, em minha alma, eu deixei nascer a primavera. Já posso sentir o vento quente no rosto. Posso ouvir o bater de asas dos beija-flores!
E fique sabendo, que quando chegar o verão (e com ele as chuvas de verão - na estação certa), eu estarei preparadíssima. Mas se não for incômodo, gostaria que não deixasse teu amor passar pelo meu jardim de novo. Deixe vir outras chuvas, outros amores!

Bom dia, primavera! Fique a vontade. Aceita uma xícara de chá?

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Comentários

  1. Aqui onde moro não tem primavera nem outono. Que sorte você poder dar bom dia a eles. beijos!

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  2. Oi Ana, estou passando para retribuir o carinho que voce expôs ao meu blog e ao que eu escrevo. O teu blog ta lindo demais, *-*
    Nao pude ler o teu texto, mas voce sabe que sempre encontrará no meu blog uma devota seguidora, chamada Lys Fernanda. Beijão meu anjo!

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  3. Muito obrigada, meninas! E Allyce, todo lugar é lugar para se dar bom dia à primavera! :) Hahahaha

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  4. Nossa que lindo!

    Amei mesmo, estou passeando pelos blogs e gostei do seu cantinho.
    Grande Beijo.

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